Julião Quintinha (Silves, 9 de dezembro de 1886 - Lisboa, 23 de julho de 1968) foi um jornalista e escritor português que desempenhou papel fundamental à frente das associações que estiveram na origem da Casa da Imprensa de Lisboa.
Biografia de Julião Quintinha
Julião Quintinha nasceu
no Algarve, em Silves, no dia 9 de dezembro de 1886. Começou a trabalhar em
tenra idade, como operário, numa fábrica na cidade onde nasceu.
Mais tarde aprende o
ofício de alfaiate, abrindo estabelecimento em Silves. E essa será a sua
ocupação exclusiva até à implantação da República.
Começou a colaborar com
jornais, inicialmente nos periódicos republicanos locais e depois como
correspondente de jornais mais abrangentes. Era um devoto republicano, fazendo até
propaganda a favor dessa causa, participando ativamente em comícios. Esta
circunstância permitiu-lhe o contacto com os mais conhecidos homens de letras
de Portugal, particularmente os que eram ligados ao Partido Republicano.
Juntamente com Henrique
Martins fundou e dirigiu a Alma Algarvia até que o governo republicano o
nomeou administrador do concelho de Portimão e de Silves para o biénio de 1912
- 1914. Neste ano foi escolhido por concurso público para o lugar de chefe da
Secretaria da Câmara Municipal de Silves onde se manteve até 1920.
É a partir de 1920 que se
começa a dedicar ao jornalismo profissionalmente colaborando com diversas publicações,
como O Século, Diário Popular, O Diabo, Mala da Europa,
Actualidades e Diário Liberal.
Foi chefe de redação do Diário
da Tarde, Diário da Noite e Jornal da Europa.
Colaborou ainda com outros
jornais como o Diário do Alentejo, Tribuna, de Santos (Brasil), Diário
Liberal, A Batalha, Rebate, O Primeiro de Janeiro, Diário
de Lisboa, Globo, Bejense, Ilustração Portuguesa, Seara
Nova, Voz do Sul, Província de Angola, Enciclopédia
Portuguesa e Brasileira e redator do República cuja redação foi subchefe.
Viagens por África
Notabilizou-se, pelos
seus relatos de viagem em África, quando em 1925, em representação do Jornal da
Europa, percorre durante dois anos as colónias portuguesas, o Egipto, o Índico,
Mar Vermelho e Mediterrâneo. Durante esse período escreveu dezenas de
reportagens e diversos livros, tendo em 1930 recebido o prémio de Literatura
Ultramarina com a sua obra A Derrocada do Império Vátua e Mouzinho de
Albuquerque. Também os seus livros África Misteriosa (1928) e Ouro Africano
(1929) foram bastante aplaudidos.
Ficção
Escreveu também alguma
ficção com obras como: Vizinhos do Mar (1921); Terras de Fogo (1923); Cavalgada
de Sonho (1924); e Novela Africana (1933); no género reportagem publicou também
Terras de Sol e da Febre (1932), e uma coletânea de estudos literários
intitulada Imagens de Atualidade (1933).
Presidente do Sindicato dos Jornalistas
Foi também um jornalista
bastante ativo na defesa da sua classe profissional pois foi eleito, por diversas
vezes, presidente do Sindicato dos Jornalistas e da Casa da Imprensa.
Corrente literária de Julião Quintinha
Pertenceu à geração que
conhece as influências do Neo-Realismo, torna-se amigo de Ferreira de Castro,
Assis Esperança, entre outros.
Problemas com a PIDE
Durante o Estado Novo
teve alguns problemas com a polícia política (PIDE) que lhe moveu apertada
vigilância e algumas situações desagradáveis. Como era conhecido oposicionista,
fez parte da Comissão Cívica Eleitoral.
Sabe-se do apoio que
concedeu às candidaturas goradas de Cunha Leal e de Ferreira de Castro, em
1958, antes de se confirmar a candidatura de Humberto Delgado. [José Pacheco
Pereira, Álvaro Cunhal Volume III - Uma Biografia Política - O Prisioneiro.
Durante a década de
cinquenta, do século XX, foi um dos frequentadores habituais das tertúlias da Pastelaria
Veneza, em Lisboa. Desse grupo faziam parte Ferreira de Castro, Luís da
Câmara Reis, Roberto Nobre, Augusto Casimiro, entre outros.
Obras de Julião Quintinha
- Terras do Sol e da febre: impressões do Congo Belga, África Equatorial Francesa, Transvaal, Nyasaland, Tanganyka, Zanzibar, Mombaça, Adem e Egipto (1900);
- Assistência à mendicidade (1915);
- "A solução monárquica" do senhor Alfredo Pimenta (1916);
- No fim da guerra: um sonho (1917);
- Visinhos do mar (1921);
- África misteriosa: crónicas e impressões duma viagem jornalística nas colónias da África Portuguesa (1928);
- Oiro africano: crónicas e impressões duma viagem jornalística na áfrica Oriental portuguesa (1929);
- A derrocada do império Vátua e Mousinho d' Albuquerque (1930) com Francisco Toscano;
- Imagens de actualidade (1933);
- Novela africana (1933);
- Figuras das guerras de África (1936);
- Rescaldo da guerra: através do "Livro Branco" (1936) com Manuel de Brito Camacho;
- Oiro do Rand (1936);
- Reis negros (1938);
- Manica e Sofala (1938).
- Terras de fôgo: novelas;
- Cavalgada do sonho : novelas;
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