Henrique Carlos da Mata Galvão nasceu no Barreiro em 4 de fevereiro de 1895 e faleceu em São Paulo (Brasil) em 25 de junho de 1970). Foi um oficial do exército português, inspetor da administração colonial portuguesa e escritor.
Biografia
Henrique Galvão desde cedo seguiu a carreira militar. Foi um dos apoiantes de Sidónio Pais. Foi administrador do concelho de Montemor-o-Novo. Participou na revolução de 28 de maio de 1926 e foi um fervoroso apoiante do Estado Novo até se desiludir com o regime salazarista.
Foi colocado em África, onde organizou ações de propaganda e foi governador de Huíla. Angola inspirou-lhe a veia literária, tendo escrito uma série de livros brilhantes sobre a vida nas colónias africanas, a sua antropologia e zoologia. Foi também diretor da revista Portugal Colonial entre 1931 e 1937.
Como protesto pelo facto de o regime ter ignorado as reivindicações que pretendia para melhorar as condições de vida dos nativos das colónias, passou para a Oposição Democrática. Foi expulso do exército no início da década de 50, acusado de conspiração, acabando por ser preso.
Apoiou a candidatura presidencial do general Humberto Delgado em 1958.
Em 1959, aproveitando uma ida ao Hospital de Santa Maria, fugiu e refugiou-se na embaixada da Argentina, tendo conseguido exílio político na Venezuela.
Henrique Galvão era, com Humberto Delgado, a principal figura da oposição política não afeta ao Partido Comunista Português. Para o Partido Comunista, Portugal ainda não estava pronto para a revolução, enquanto Galvão achava que não havia tempo a perder.
O “Paquete Santa Maria”
Foi durante o exílio que começou a preparar aquela que seria a sua ação mais espetacular: o desvio do paquete português Santa Maria, cheio de passageiros, a que deu o nome de "Operação Dulcineia".
Coordenou esta ação com Humberto Delgado, que estava exilado no Brasil.
Morte de Henrique Galvão
Henrique Galvão, morreu em São Paulo, em 25 de junho de 1970, com a doença de Alzheimer.
A 7 de novembro de 1991 foi agraciado a título póstumo com a grã-cruz da Ordem da Liberdade.
Obra escrita completa
- Huíla: Relatório de Govêrno, 1929
- Em terra de pretos (Crónicas d'Angola), 1929
- Nacionalização de Angola: conferência, 1929
- "La Presse Coloniale et le probleme du travail indigene", 1931
- "Revolução, peça em 3 actos, 1931
- História do nosso tempo: João de Almeida (sua obra e acção), 1931 (2.ª edição, 1934)
- O poeta Lopes Vieira em Africa e o seu Relatorio, Edição do autor, 1932
- "Informação Económica sôbre Angola", 1932
- "As feiras de amostras coloniais", 1932
- "As embalagens no comércio com as Colónias", 1932
- O vélo d'oiro: romance colonial (co-escrito com Eduardo Malta), ediç. Francisco Franco, 1932
- "Um critério de povoamento europeu nas Colónias", 1933
- "Galícia en el poblamiento de las colonias portuguesas", 1933
- "A função colonial, razão de ser da nacionalidade", 1934
- "Álbum comemorativo da Primeira Exposição Colonial Portuguesa", 1934
- No rumo do Império. Ilustrações de Carlos Carneiro. Porto, Litografia Nacional, 1933? 1934?
- Terras do Feitiço (contos africanos), 1934
- Da vida e da morte dos bichos: subsídios para o estudo da fauna de Angola e notas de caça. Com Teodósio Cabral e Abel Pratas. 5 vols., Lisboa, Livraria Popular de Francisco Franco, 1934
- Vol. I - Elefantes e Rinocerontes
- Vol. II - O Hipopótamo, A Girafa, O Crocodilo, Os Javalis
- Vol. III - O Leão
- Vol. IV - Búfalos, Gorila, Leopardos, Antílopes, etc.
- Vol. V - Narrativas de Caça Grossa em África
- "Primeira Exposição Colonial Portuguesa", 1935
- "O povoamento europeu nas Colónias Portuguesas", 1935
- "Portugal Colonial" (6 vol.), 1931-37
- "Dembos" (2 vol.), 1935
- "O povoamento europeu nas colónias portuguesas, 1935 (2.ª edição, 1936)
- "Como se faz um homem, peça em 4 actos", 1935
- "O velo d'oiro. Fantasia colonial em 3 actos" (adaptação teatral do romance do autor pelo próprio e João da Silva Tavares), 1936
- O sol dos trópicos: (romance colonial), Henrique Galvão, 1936, 322 p.
- "Angola (Para uma nova política colonial)", 1.º volume, 1937
- "Fisionomia do passado, aspectos de presente. Da ocupação...", 1937
- "Ronda do Império", 1937
- O Império. Lisboa, Secretariado de Propaganda Nacional, 1938
- "Colonos, peça de 1 acto", 1939
- O Império na Literatura Portuguesa, 1939
- "Clima de guerra, ao microfone da Emissora Nacional", 1939
- "Álbum Comemorativo da Secção Colonial da E. M. P.", 1940
- "Portugal, 1940: álbum comemorativo fundação : festas de...". Com Eduardo Malta e Manuel Lapa, 1940
- "Zonas colonizáveis de Angola", 1940
- Ronda de África: Outras terras, outras gentes. Viagens em Moçambique. Com Fausto Sampaio, 2 vols., Porto, Jornal de Notícias, 1941 e 1942
- "Bissaya Barreto". Tradução do livro em Francês de Pierre Goemaere, 1942
- "A caça no império português". Com António Montês e José Arantes de Freitas Cruz, 1943-45
- Kurika: romance dos bichos do mato, 1944
- Impala: romance dos bichos do mato, 1946
- “Irreverência?”: (Notas à margem da política e dos costumes), 1946
- Antropófagos. Porto, editado pelo Jornal de Notícias, 1947 (2.ª ed., Lisboa, Livraria Popular Francisco Franco, 1974)
- "101 clichés fotográficos de Alvão, Porto, fotógrafo...", 194?
- Vagô: romance dos bichos do mato (também chamado O homem e o tigre: vago), 1954
- Por Angola: quatro anos de actividade parlamentar. Edição do autor, cerca de 1949
- Comédia da Morte e da Vida: Uma peça em três actos, seguida de duas peças em um acto: «A Mulher e o Demónio» e «Um caso raro de loucura», Lisboa, Empresa Nacional de Publicidade, 1950
- Império ultramarino português: monografia do império. Com Carlos Selvagem, 4 vols., Lisboa, Empresa Nacional de Publicidade, 1950-1953)
- Vol. I (1950): Introdução; Cabo Verde; Guiné
- Vol. II (1951): Guiné (continuação); S. Tomé e Príncipe
- Vol. III (1952): Angola
- Vol. IV (1953): Moçambique; Índia; Macau; Timor.
- Pele. Lisboa, Sociedade Gráfica Nacional, 1956
- Grades serradas, 1959
- "Relatório de Henrique Galvão e Thomaz Ribeiro Colaço". Escrito com Tomás Ribeiro Colaço para o grupo de apoiantes de Humberto Delgado, 1959
- "Os últimos dias do fascismo português: Memórias dum...". Com Maria Archer, 1959
- Carta aberta ao dr. Salazar, Buenos Aires (distribuído também em Portugal), Edição da Comissão de Libertação Nacional, 1959 (2ª edição, Caracas, igualmente distribuído também em Portugal, Movimento Nacional Independente, 1960, 3ª edição Lisboa, Arcádia, 1975)
- A Minha Cruzada Pró-Portugal. Santa Maria, São Paulo, Livraria Martins, 1961 (2.ª edição sob o título O assalto ao Santa Maria, Lisboa, Delfos, 1974
- Depoimento torpedeado: Portugal, a ONU, o salazarismo e a situação na África Portuguesa. São Paulo, Frente Antitotalitária dos Portugueses Livres Exilados, 1962
- Da minha luta contra o salazarismo e o comunismo em Portugal, São Paulo, 1965 (2.ª ed., Lisboa, Arcádia, 1976)
- "A cultura da aveleira", 1968
- Diário de Peniche, Lisboa, Livraria Popular de Francisco Franco, 1974 ou 1975
- Crónica de horas vazias, Lisboa, Livraria Popular de Francisco Franco, 1975
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