Luís Filipe de Castro Mendes é um poeta e ficcionista português, nascido em Idanha-a-Nova em 21 de novembro de 1950.
Foi ministro da Cultura do XXI Governo Constitucional de Portugal (primeiro governo de António Costa) de abril de 2016 a outubro de 2018.
Biografia
Filho de um magistrado, licenciou-se em Direito pela Universidade de Lisboa, tendo seguido a carreira diplomática desde 1975. Foi colocado em Luanda, Madrid, Paris e no Conselho da Europa, regressando depois aos serviços do Ministério dos Negócios Estrangeiros em Lisboa.
Foi, entre 1995 e 1997, Chefe de Gabinete do Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação e exerceu o cargo de cônsul de Portugal no Rio de Janeiro.
Estilo literário de Castro Mendes
Poeta e ficcionista, revelou-se em 1983 com a coletânea de poemas intitulada Recados, na qual, desde logo, se impõe uma amadurecida elaboração intertextual, aqui com referências fundamentalmente explícitas e produtoras a Emily Dickinson e, marginalmente, a Nietzsche e Rilke.
Uma outra caraterística essencial será, desde este primeiro livro, o culto do fragmento infinitamente recomeçado («Começa-se de cada vez a escrever…»).
Na evolução da sua obra poética, obsessivamente intertextual, destaca-se Viagem de Inverno (1993), em que desde a epígrafe inicial de Jorge Luís Borges («Consideré que estábamos, como sempre, en el fin de los tempos») à epígrafe final de Rimbaud («Ce ne peut être que la fin du monde, en avançant»), perpassa um sentido finissecular da própria missão do poeta: «como se à terra nua e devastada / coubesse o culminar do firmamento. / Como um Deus que se esconde na folhagem, / o vão poeta nasce desta imagem» («Fin de siècle [epílogo]»).
Note-se que este sentido finissecular implica também um sentido metapoético de múltiplas experiências a que poderíamos chamar de pós-modernistas, no centro das quais está o ressurgimento, de certo modo paródico, de formas tradicionais (soneto e quadra, rimados, etc.). Transpondo esse processo para a metaficção, Luís Filipe de Castro Mendes publicou, em 1995, Correspondência Secreta, hábil montagem de narrativas fragmentárias de personagens históricas (Marquesa de Alorna, Filinto Elísio, Cavaleiro de Oliveira, duque de Lafões, conde de Tarouca, etc.), num encadeamento de monólogos que resulta em feérico espetáculo teatral de um século XVIII minuciosamente recriado.
Obra de Castro Mendes
Poesia
1983 - Recados.
1985 - Seis elegias e outros poemas.
1991 - A Ilha dos Mortos.
1993 - Viagem de Inverno.
1994 - O Jogo de fazer versos.
1996 - Modos de música.
1997 - Quadras ao gosto pessoano.
1998 - Outras canções.
1999 - Poesia reunida: 1985-1999 incluindo o livro inédito Os amantes obscuros.
2001 - Os Dias inventados.
2007 - Os amantes obscuros: poemas escolhidos (1985-2001). – Edição bilingue, em português e dinamarquês.
2011 - Lendas da Índia. - Prémio António Quadros
2014 - A misericórdia dos mercados.
2016 - Outro Ulisses regressa a casa.
Ficção
1984 - Areias escuras.
1995 - Correspondência secreta.[6]
Ensaio
«Depois da queda: as organizações europeias face a um sistema internacional em mudança (1989-1993)», in Política Internacional, vol. 1, n.º 7/8 (outono 1993).
Comentários
Enviar um comentário