Alice Pestana é o nome literário de Alice Evelina Pestana Coelho, nascida em Santarém em 7 de abril de 1860, falecida em Madrid no dia 24 de dezembro de 1929.
Foi escritora, jornalista, pedagoga, feminista e pacifista, fundadora da Liga Portuguesa da Paz em 1899, considerada a primeira organização feminista em Portugal.
Obra literária de Alice Pestana
De grande cultura, abrangendo vários idiomas, as letras, as ciências e a música, escreveu em inglês, francês, espanhol e português. O seu primeiro artigo em língua inglesa foi publicado na revista The Financial and Mercantile Gazette e consistia numa crítica à tradução do Hamlet feita por D. Luís I.
Colaborações em revistas
Interessada na política do seu tempo, colaborou no Espectro da Granja, com o pseudónimo de Célia Elevani (anagrama de Alice Evelina). Colaborou também na revista Repúblicas, que Camilo Castelo Branco e Tomás Ribeiro dirigiam, aqui com os pseudónimos Caïel e Eduardo Caïel, e ainda nos jornais Vanguarda, Folha do Povo e Diário de Notícias, servindo-se dos pseudónimos referidos e ainda do de Cil.
Viagem em missão
Em 1888 viajou pela Suíça, França e Inglaterra em missão do Governo para recolha de elementos que conduzissem ao aperfeiçoamento do ensino secundário feminino. O seu relatório, considerado notável, foi publicado no Diário do Governo. Em 1892, no Congresso Pedagógico Hispano-Português-Americano, realizado por ocasião das comemorações do 4º. Centenário da Descoberta da América, apresentou a tese «O que deve ser a instrução secundária da mulher?» defendendo a necessidade da educação da mulher como condição necessária à concretização de uma sociedade democrática e justa.
Em 1893 volta ao estrangeiro em missão oficial, e no Tempo publica as suas impressões de viagem. De 1894 a 1900 tem um período de intensa criação literária, mas em que também escreve sobre questões pedagógicas e colabora em O Tempo, Correio da Noite, O Século.
Liga Portuguesa da Paz
Foi responsável pela fundação da Liga Portuguesa da Paz (considerada a primeira organização feminista em Portugal) em 1899 e sua primeira presidente. Em representação da Liga esteve presente na Conferência da Paz de Haia, no ano seguinte. Pertencia também à Sociedade Altruísta desde 1896.
Casada em Lisboa com o professor espanhol Pedro Blanco Suárez, vai viver com o marido para Madrid em 1901, onde ingressa como professora na Institución de Libré Enseñanza (mais tarde Fundación Francisco Giner de los Ríos) em cujo boletim (BILE) colabora a par de Bertrand Russel, Henri Bergson, Darwin, Tolstoi, Maria Montessori e Miguel de Unamuno, entre outros grandes vultos da cultura mundial. É encarregada em 1914, pelo Governo espanhol, de vir a Portugal estudar o nosso método de ensino feminino, publicando em 1915 La Educación en Portugal.
Caïel é um dos nossos primeiros autores da literatura infanto-juvenil. Dirigiu a Revista Branca (1899-1900), «dedicada aos pequenos e aos novos». Foi uma das fundadoras do Protectorado del Niño Delincuente.
Em 1930 publicou-se em Madrid o seu In Memoriam, que abre com dois textos, sobre Caïel, de Teófilo Braga e Bernardino Machado.
Obra publicada de Alice Pestana
"Relatorio da viagem de estudo a estabelecimentos de instrucção secundaria do sexo feminino na Inglaterra, Suissa e França" Diario do Governo, appendice ao n.o 17 de 25 de Janeiro 1889.
[pseud. Caiel] O que deve ser a instrucção secundaria da mulher? Lisboa, typ. Estereotypia Moderna, 1892.
Relatorio de uma visita de estudo a estabelecimentos de ensino profissional do sexo feminino no estrangeiro, Lisboa, Imp. Nacional, 1893.
[pseud. Caiel] Amor à antiga, 2 vols., Lisboa, Parceria Antonio Maria Pereira, 1894.
[pseud. Caiel] A filha do João do Outeiro, Lisboa, Parceria Antonio Maria Pereira, 1894.
Madame Renan, Lisboa, Imprensa Nacional, 1896.
[pseud. Caiel] Genoveva Montanha, Lisboa, Companhia Nacional Editora, 1897
[pseud. Caiel] Genoveva Montanha. Lisboa, Companhia Nacional Editora, 1898.
[pseud. Caiel] La femme et la paix. Appel aux mères portugaises. (Quarto centenario do descobrimento da India. Contribuições da Sociedade de Geographia). Lisboa, Imp. Nacional, 1898.
[pseud. Caiel] Primeiras leituras, 2.ª ed. Lisboa, Parceria Antonio Maria Pereira, 1899.
O tio Victorino. Novella dedicada ás creanças portuguezas em commemoração da festa nacional do quarto centenario da India, Lisboa, Parceria Antonio Maria Pereira, 1900.
Revista branca. Dedicada aos pequenos e aos novos, Lisboa, Parceria Antonio Maria Pereira, 1900. [24 numeros]
Commentarios á vida, Lisboa, Parceria Antonio Maria Pereira, 1900.
Testamento de mãe. Novella. [Com dedicatoria a Teixeira Bastos com a data de abril 1900], Lisboa, Parceria Antonio Maria Pereira, 1900.
[pseud. Caiel] Ás mães e ás filhas. Contos. 3.a edição accrescentada com o conto Superstição ou remorso? Lisboa, Parceria Antonio Maria Pereira, 1900. [A 1.ª edição appareceu em 1886 e a 2.ª em 1888. Preliminares de Thomaz Ribeiro, D. Antonio da Costa, Julio Cesar Machado e Maria Amalia Vaz de Carvalho]
[pseud. Caiel] Desgarrada, Lisboa, Parceria António Maria Pereira, 1902
De longe. Contos illustrados com 110 boas gravuras, Lisboa,Parceria Antonio Maria Pereira, 1904.
Francisco Acebal, Dolorosa, Traducção de Caiel, Lisboa, Parceria Antonio Maria Pereira, 1905.
[pseud. Caiel] Retalhos de Verdade, Lisboa, Parceria Antonio Maria Pereira, 1908.
Primeira agonia. Episodio dramatico em 1 acto representado pela primeira vez no theatro de D. Maria II em 13 de janeiro 1900.
Genoveva Montaña. Version española por «Un lusofilo», Madrid, LibreriA de Fernando Fé, 1901.
Cuentos (por Alicia Pestana), Barcelona, António Lopez, [1903]
Laura Brackenbury, La enseñanza de la Gramatica [Tradução de Alice Pestana], s. l. Ediciones de la Lecture [c. 1908]
La educacion en Portugal (por Alicia Pestana), Madrid, junta para Amparo de Estudios y Investigaciones Científicas, 1915.
El protectorado del niño delincuente (un ensayo de educacion correccional, s.d. n.l., 1935
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